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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011


"Fui massacrado como se fosse o maior vilão da Polícia Civil", diz Turnowski


Daniel Milazzo
Especial para o UOL Notícias
No Rio de Janeiro
Após mais de três horas de depoimento prestado nesta quinta-feira (17) na sede da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Allan Turnowski disse não acreditar em complô contra ele, mas admitiu sentir-se injustiçado. "Fui massacrado essa semana como se fosse o maior vilão da Polícia Civil", afirmou.
Turnowski foi indiciado hoje por violação de sigilo funcional. A Polícia Federal acredita que o acusado tenha vazado informações da Operação Guilhotina para o inspetor de polícia Christiano Gaspar Fernandes. Deflagrada na última sexta-feira (11), após meses de investigação, a operação prendeu 38 pessoas ligadas às milícias, à venda de armas e drogas para traficantes, à máfia dos caça-níqueis e à venda de informações privilegiadas sobre ações policiais em áreas dominadas pelo tráfico. Dos presos, 30 são policiais civis e militares. A operação continua em curso.
De acordo com a PF, Turnowski teria tomado conhecimento da operação por meio do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e então vazado as informações. Durante o depoimento, para contestar a versão da PF, o ex-chefe da Polícia Civil telefonou para o secretário a fim de perguntar se Beltrame havia lhe comunicado da operação. Segundo Turnowski, o secretário negou ter dito algo. "O único indiciamento que eu tive depende agora da palavra do secretário de Segurança", afirmou Turnowski aos jornalistas após o depoimento.
Em nota divulgada esta noite, a Secretaria de Segurança Pública do Rio nega que Beltrame tenha passado qualquer informação sobre a ação da PF. "O secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, ligou para o chefe da Polícia Civil, cargo então ocupado pelo delegado Allan Turnowski, ao ser informado pela Polícia Federal que policiais civis estavam extorquindo um traficante durante a operação do Complexo do Alemão. Como autoridade máxima da segurança do Estado, cobrou a Allan providências. Em nenhum momento, o secretário Beltrame mencionou a Operação Guilhotina", diz a nota.
O ex-chefe da Civil também é acusado de receber propina no valor de R$ 500 mil mensais para não fazer operações em áreas controladas por milícias em Jacarepaguá, na zona oeste, e mais R$ 100 mil para permitir o comércio de mercadorias piratas no camelódromo da Uruguaiana, no centro do Rio. "Hoje eu provei a minha inocência [...] No fim das investigações, nada ficou provado em relação a qualquer quantia recebida por mim", defendeu-se.
Allan Turnowski disse que a semana "corrida" causou muito sofrimento a ele, a seus familiares e a seus amigos. Ele não acredita que o indiciamento se transforme em denúncia contra ele no Poder Judiciário. "De qualquer maneira, eu tenho certeza que esse juízo de valor do delegado, que eu respeito, que é uma autoridade séria, ela não passa do primeiro crivo do Ministério Público e da Justiça", finalizou.

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