Carlos Madeiro
Especial para o UOL Notícias
Em Maceió
A Polícia Civil de Alagoas desencadeou operação e encontrou, na manhã deste domingo (26), produtos que foram doados às vítimas das enchentes que assolaram o Estado em junho na casa do prefeito Eloi da Silva (PSC), de Santana do Mundaú, a 95 km de Maceió. Há suspeita de que esses objetos seriam usados com fins eleitorais, possivelmente para troca de votos, segundo a polícia.
Além disso, a polícia também aprendeu documentos e computadores na sede da prefeitura, já que há suspeita de superfaturamento em obras e desvio de recursos públicos por parte da administração. Uma pessoa foi presa em flagrante.
A “Operação Palmares” foi desencadeada a pedido do juiz eleitoral do município, Marcelo Tadeu, e pelos juízes da 17ª Vara Criminal. Foram expedidos 20 mandados de busca e apreensão. Cerca de 80 policiais participaram da ação.
Segundo o coordenador da Operação Asfixia (grupo especializado da Polícia Civil alagoana que também atuou na Operação Palmares hoje), delegado Daniel Pinto, uma grande quantidade de material foi encontrada na casa do prefeito e recolhida pelos policiais. “Nós encontramos roupas, colchões, lençóis e uma série de donativos doados pela população para os desabrigados. Foi apreendido um caminhão inteiro de donativos”, disse o delegado.
Daniel Pinto explicou ainda que a operação também cumpriu buscas na cidade de União dos Palmares, mas não encontrou nenhum material suspeito para ser apreendido.
Durante a operação, a polícia prendeu o secretário de esportes de Santana do Mundaú, Tamuz Lourenço da Silva. Segundo a polícia, ele estava com munição de revólver sem autorização.
O UOL Notícias tentou contato com o prefeito Eloi Silva, mas seu telefone celular estava desligado. A reportagem ainda tentou contato com a prefeitura, mas os telefonemas não foram atendidos.
Segundo explicações dadas por um assessor do prefeito, os donativos estavam sendo guardados na casa de Eloi por conta da falta de prédios públicos para abrigar o material. A cidade foi uma das mais atingidas pela cheia do rio Mundaú, em junho deste ano.
Tentativa frustrada
Na última segunda-feira (20), policiais federais tentaram cumprir quatro mandados de prisão na cidade, expedidos pela Justiça eleitoral, mas por conta de um suposto vazamento de informações, os acusados conseguiram fugir e ninguém foi preso.
O motivo das prisões seria o mesmo da operação desencadeada neste domingo: desvio de donativos das vítimas das enchentes. Seriam presos três secretários municipais e um empresário. "Nenhum deles foi encontrado na cidade neste domingo", informou Daniel Pinto.
Por conta de denúncias de uso eleitoral dos donativos, o juiz eleitoral Ayrton de Luna Tenório proibiu, na última quinta-feira (23), que as prefeituras de Rio Largo, Coqueiro Seco, Satuba e Santa Luzia do Norte recebam doações até o dia três de outubro.
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