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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Pablo intimado pela polícia, diz que Zé Neto está por trás de acusação



Glauco Wanderley
A sessão da Câmara na manhã desta terça-feira (18), primeiro dia de atividade após a solenidade de reabertura ontem, foi interrompida durante quase 20 minutos, para um pronunciamento longo do vereador Pablo Roberto (PT), que tende a piorar muito o clima de guerra entre ele e o deputado estadual e líder do governo, Zé Neto.
O vereador recebeu intimação da polícia para depor e com isso confirmou serem verdadeiras as informações que vinham chegando a ele, de que está sendo investigado por “encomendar a morte do novo diretor da Case Zilda Arns”, Lealdérico Santos, que substituiu seu indicado, Danilo Pinto.
No pronunciamento de hoje Pablo atribuiu a acusação à influência do deputado Zé Neto, a quem “declarou guerra” em agosto do ano passado, também durante sessão da Câmara. A investigação em curso seria uma vingança pela fala de Pablo no ano passado, momento a partir do qual o vereador disse estar vivendo “um verdadeiro inferno”.
A base da acusação contra Pablo é o depoimento de uma pessoa que já completou 18 anos e desde os 15 cumpria medida socio-educativca. O vereador diz que ele contou uma história falsa, de que em agosto, quando o local já estava sob a nova gestão, recebeu a visita de Pablo e do coordenador de segurança da instituição, Edney Gomes, que teriam se reunido com ele em uma sala na Zilda Arns, propondo que liderasse uma rebelião e aproveitasse para atentar contra a vida do novo diretor. Como recompensa, ganharia R$ 10 mil, a liberdade e “retaguarda” do vereador para tocar a vida do lado de fora.
Pablo disse ter tomado conhecimento da acusação em agosto, mas não deu importância, achando que se tratava de comentários maldosos de pessoas magoadas por terem perdido o emprego na nova gestão e que por isso queriam ver o circo pegar fogo. Entretanto, disse hoje o vereador na Câmara, continuou a receber “ameaças veladas” de Zé Neto, ao encontrar amigos comuns dos dois (o nome dele, aliás, não foi pronunciado em momento algum por Pablo, que falava apenas em “o deputado” ou “o líder do governo”).
O deputado teria dito a outras pessoas inclusive que Pablo faz parte de grupo de extermínio. Acrescentando um novo ingrediente explosivo à história, o menor fugiu em dezembro da unidade Zilda Arns, após pular três muros, com altura entre 5 e 7 metros. Horas depois da fuga foi baleado, levando 12 tiros de cinco homens que o cercaram em uma praça, mas sobreviveu.
Pablo afirmou que em função da reunião com o menor, que diz jamais ter acontecido, foi aberto contra ele um processo, que corre em segredo de justiça. “Existe inquérito policial em segredo de justiça, mas um determinado deputado chama chefe de gabinete meu em sua sala na liderança do governo para colocar que existe um processo, que sou criminoso, que cuidado comigo e etc. Se é segredo de justiça, como é que outras pessoas conhecem? Que estado democrático é esse em que vivemos?”
Para se resguardar, o vereador resolveu entrar com uma representação na Procuradoria Geral de Justiça da Bahia. Ele tentou ainda obter o inquérito policial na 2ª delegacia de polícia, com o delegado Lapa, que alegou não ter mais a documentação, que estaria com o delegado regional, ao qual o vereador também solicitou a informação. Por fim, Pablo resolveu apelar a Brasília. Ele irá amanhã à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e pedirá intervenção da Polícia Federal na investigação.

ZÉ NETO NEGA ENVOLVIMENTO

Em entrevistas em programas de rádio o deputado Zé Neto negou qualquer participação em toda a situação. Voltou a defender a mudança de direção na Zilda Arns como uma medida administrativa do governo, mas garantiu que só tem conhecimento “por cima” das investigações policiais em andamento.
“Não sou parte em nada, não sou eu que acuso, não sou eu que participo, não tem nenhuma acusação minha”, isentou-se.
O deputado disse que considera “extremamente grave” a informação dada pelo vereador, de que existem gravações com ameaças de Zé Neto, pois isso indicaria que as pessoas ligadas a Pablo que se reuniram com ele gravaram ilegalmente as conversas. “Muito me estranha sentar com alguém e estar gravando o que conversa. Nem é legal, inclusive, porque não teve minha permissão”, criticou o deputado, ao relatar que teve reuniões com o chefe de gabinete do vereador, que lhe pediu audiência.

Tribuna Ferense

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