12/2/2012:
10h40h
Em depoimento à PGR, Valério
envolve Lula no mensalão, diz jornal
Operador do mensalão tenta obter
proteção e redução de pena.
Procuradoria da República não
decidiu se abre nova investigação.
Do G1, com informações do Bom Dia
Brasil
Líder do PSDB diz que vai
convidar Valério a dar explicações no Senado
O GLOBO: Em Paris, Lula diz que
‘não há nenhum comentário’ a fazer
Denúncia é ‘requentada’, diz
senador citado em depoimento de Valério
Gurgel só comentará depoimento de
Valério após julgamento, diz PGR
Acompanhe a cobertura completa do
caso
Marcos Valério, apontado como
operador do mensalão e condenado a mais de 40 anos de prisão pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), disse, em depoimento à Procuradoria-Geral da República
prestado em setembro, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou
empréstimos dos bancos Rural e BMG para o PT com objetivo de viabilizar o
esquema, segundo reportagem na edição desta terça-feira (11) do jornal "O
Estado de S. Paulo".
Conforme a publicação, o dinheiro
também foi usado para pagamento de "despesas pessoais" de Lula. O PT
negou, segundo o jornal, ter arcado com os honorários do advogado do Marcos
Valério, segundo informou o jornal.
O Instituto Lula informou ao G1
que ele não pretende se manifestar sobre a reportagem. Mas, segundo a
assessoria do instituto, se mudar de ideia, Lula se manifestará por meio de
nota oficial.
O procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, disse nesta terça, por meio de sua assessoria de imprensa, que
não vai se pronunciar sobre o assunto até o final do julgamento do mensalão
pelo STF. A PGR já havia informado que novas informações repassadas por Marcos
Valério não seriam incluídas na ação do mensalão, mas sim poderiam abrir um
novo processo em primeira instância, por exemplo.
A oposição no Congresso cobrou
explicações e investigação do suposto envolvimento de Lula.
Segundo o jornal, o depoimento de
Valério foi enviado ao STF, mas os ministros receberam as informações com cautela
e alertaram que as declarações não mudam o julgamento do mensalão, que se
encontra em fase final.
Durante os quatro meses de
julgamento, o Supremo concluiu que o mensalão foi um esquema articulado de uso
de recursos públicos e privados para pagamento a parlamentares em troca da
aprovação no Congresso de projetos de interesse do governo Lula.
Foram condenados 25 dos 37 réus.
Segundo a denúncia da Procuradoria Geral da República, o ex-ministro da Casa
Civil José Dirceu, condenado a mais de dez anos de prisão, foi o
"chefe" do esquema, o que ele nega. (veja 10 conclusões do STF sobre
o caso.)
"O Estado S. Paulo"
informa que teve acesso às 13 páginas do depoimento de três horas e meia dado
por Marcos Valério no último dia 24 de setembro. De acordo com o texto, Valério
procurou voluntariamente a Procuradoria-Geral após ter sido condenado pelo STF
pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de
dinheiro e evasão de divisas. Em troca do novo depoimento e de mais informações
sobre o esquema de desvio de dinheiro público para o PT, Valério pretende obter
proteção e redução de sua pena.
Segundo o jornal, o depoimento é
assinado pelo advogado do empresário, o criminalista Marcelo Leonardo, pela
subprocuradora da República Cláudia Sampaio e pela procuradora da República
Raquel Branquinho.
O jornal informa que, aos
procuradores, Marcos Valério disse que esteve com o então presidente Lula no
Palácio do Planalto, acompanhado do então ministro da Casa Civil José Dirceu,
sem precisar a data, e afirmou que Lula deu "ok" aos empréstimos do
Banco Rural e do BMG para o PT. Valério também disse no depoimento, ainda
segundo o "Estado de São Paulo", que repassou R$ 100 mil para
despesas pessoais de Lula, por meio da empresa Caso, de Freud Godoy, então
assessor da Presidência da República.
A CPI dos Correios, conhecida
como CPI do Mensalão, comprovou recebimento de depósito de R$ 98,5 mil de
Marcos Valério para a empresa Caso, segundo a reportagem do jornal. Ao
investigar o mensalão, a CPI dos Correios detectou, em 2005, um pagamento feito
pela SMPB, a agência de publicidade de Valério, à empresa de Godoy. O depósito
foi feito, segundo dados do sigilo quebrado pela comissão, em 21 de janeiro de
2003.
A reportagem do jornal afirma
ainda que, no depoimento, Marcos Valério disse que o então presidente Lula e o
então ministro da Economia, Antônio Palocci, fizeram gestões junto à Portugal
Telecom para que a empresa repassasse R$ 7 milhões ao PT. Esses recursos teriam
sido enviados por empresas fornecedoras da companhia, por meio de publicitários
que prestavam serviço ao PT. Segundo a reportagem do jornal, as negociações com
a Portugal Telecom estariam por trás da viagem a Portugal, em 2005, de Valério,
seu ex-advogado Rogério Tolentino e o ex-secretário do PTB Emerson Palmieri.
De acordo com o relato da
reportagem, Marcos Valério disse aos procuradores que o PT pagou as despesas de
R$ 4 milhões com os advogados dele no processo do mensalão. O partido nega,
segundo o jornal. Nesta terça, o presidente da legenda, Rui Falcão, disse em
nota que o partido é alvo de uma "campanha difamatória".
No depoimento, segundo o texto,
Valério contou que soube, em conversa com o ex-secretário-geral do PT Silvio
Pereira, que o empresário Ronan Maria Pinto vinha chantageando Lula, Dirceu e
Gilberto Carvalho, ministro de Lula e do atual governo da presidente Dilma
Rousseff, em razão do assassinato de Celso Daniel (PT), prefeito de Santo
André. Outro empresário amigo de Lula, José Carlos Bumlai, teria pago R$ 6
milhões para comprar 50% do jornal "Diário do Grande ABC", que vinha
publicando reportagens sobre o assunto.
Ainda de acordo com a reportagem,
Marcos Valério acusou outros políticos de terem sido beneficiados pelo chamado
valerioduto, entre eles o senador Humberto Costa (PT-PE). Ao G1, Costa negou
que tenha se beneficiado do esquema.
A reportagem relata ainda que
Marcos Valério disse ter sido ameaçado de morte por Paulo Okamotto, atual
diretor do Instituto Lula e amigo do ex-presidente. "Se abrisse a boca,
morreria", disse o empresário no depoimento à Procuradoria-Geral da
República. "Tem gente no PT que acha que a gente devia matar você",
teria dito Okamotto a Valério, em encontro num hotel em Brasília, em data não
informada pelo depoente, segundo o jornal.
Ao jornal "O Globo",
Okamoto negou que tenha pressionado Valério e disse duvidar que o empresário
tenha feito tais afirmações em depoimento à Procuradoria Geral da República.
O ex-ministro da Casa Civil e da
Fazenda Antonio Palocci, que, segundo Valério, teria participado de uma reunião
no Palácio do Planalto na qual Lula teria acertado com o então presidente da
Portugal Telecom Miguel Horta o repasse de recursos para o PT, negou as
declarações do operador do mensalão. Por meio de sua assessoria, Palocci disse
que os fatos relatados por Valério "jamais existiram".
Citado no depoimento de Marcos
Valério à Procuradoria-Geral da República, o ex-presidente da Portugal Telecom
Miguel Horta declarou, por meio de nota, que ele não teve “qualquer ligação”
com o processo do mensalão. Segundo o empresário, “essa é uma questão de
política interna brasileira” à qual ele é totalmente "alheio".
Procurada pelo G1, a assessorias
do banco Rural informou que avalia se divulgará nota sobre a reportagem. A do
BMG informou que o banco não irá se pronunciar.
O advogado de Marcos Valério,
Marcelo Leonardo, não confirmou se o cliente deu o depoimento.
As demais pessoas mencionadas
pela reportagem do "Estado de São Paulo" negaram as declarações.
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