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terça-feira, 15 de janeiro de 2013


Brasiliense que nasceu sem língua recupera fala com tratamento inédito

Depois de 18 anos de tratamento, Auristela ganhou um rosto mais bonito e uma vida normal. A estudante de enfermagem se considera uma vitoriosa

Priscilla Borges , iG Brasília |
Alan Sampaio / iG Brasília

Auristela: tratamento inédito garantiu à jovem um rosto mais harmônico e uma vida normal
Auristela Viana da Silva tem apenas 23 anos, mas uma história repleta de pequenas vitórias, grandes feitos e superações. A estudante de enfermagem é uma sobrevivente. Ela nasceu sem língua por conta de uma doença rara, chamada aglossia congênita isolada. A expectativa de vida dos portadores do problema é de três dias de vida.
Há apenas três casos registrados da enfermidade no mundo. Os outros dois foram registrados nos Estados Unidos, mas receberam tratamentos diferentes dos de Auristela. Frederico Salles, cirurgião-dentista especialista em intervenções maxilares e faciais, recebeu Auristela no consultório com um diagnóstico errado. Ela tinha cinco anos.
Para os médicos que a atenderam ainda bebê, ela não mamava por conta de uma síndrome, chamada de Pierre Robin, que provoca deformação facial e impede a criança de deglutir.
“Ela sobreviveu por conta do instinto da mãe, que adaptou um bico de mamadeira para fazer o leite chegar à garganta”, conta Salles.
Tratamento inédito
Quando a dificuldade de falar e engolir ganhou diagnóstico e nome corretos, Salles juntou uma equipe multidisciplinar para estudar e monitorar o caso. O grupo, que inclui dentistas, psicóloga, nutricionista e fonoaudióloga, juntou também instituições de Brasília para criar alternativas que garantissem qualidade de vida à criança.
Depois de duas cirurgias para alterar a forma da mandíbula, cujo formato foi apelidado por Salles de “bico de pássaro”, a equipe conseguiu uma expansão maxilar de 20 milímetros. Todo o tratamento foi custeado com doações e pensado exclusivamente para Auristela.
“Não existia tratamento proposto como esse”, conta Jorge Faber, professor de Ortodontia da UnB e ex-aluno de Frederico Salles.
Faber é responsável pelo acompanhamento ortodôntico de Auristela, que terá de usar um aparelho de contenção o resto da vida. A ideia é não permitir que os dentes dela voltem a tentar se unir no centro da boca, por causa da ausência da língua.
Para Salles, o trabalho feito pela psicóloga Elizabeth Queiroz e pela fonoaudióloga Maria Lúcia Torres, do Núcleo de Estudos em Educação e Promoção da Saúde da UnB foi fundamental para trabalhar a autoestima e ajudar Auristela a se comunicar com o mundo.
A fonoaudióloga ensinou Auristela a usar outros músculos da face para ajudá-la a pronunciar os fonemas (especialmente os que exigem o uso da língua) e a mastigar e engolir da melhor forma. O resultado é impressionante.
“Todo esse sucesso foi possível porque a equipe interagiu muito bem esses anos todos. Ninguém trabalhou por dinheiro ou resultado científico”, reflete Salles.

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