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sábado, 25 de outubro de 2014

Não é pecado; vou votar, diz idoso de 103 anos



Há mais de três décadas ele não é mais obrigado a votar. Mas aos 103 anos, o ex-fazendeiro Valdomiro Pereira de Souza afirma que no próximo domingo vai estar frente a frente com a urna eletrônica pela segunda vez neste mês. “Eu quero votar. Vou votar para presidente”. Não revela em quem. “Não é pecado nem proibido. Por isto vou votar. Sempre votei. Nunca falhei”.

O contato com as urnas começou no final dos anos 30. Aos filhos e netos, diz que gosta de participar das eleições. “Uma atividade cívica”. Como não consegue andar mais, é colocado numa cadeira de rodas e levado para o local onde vota, no Centro Integrado de Educação Joselito Amorim, a cerca de 300 metros da sua casa.

Diz que se sente realizado quando ouve o som emitido pela urna eletrônica ao confirmar o voto. Depois é retornar para casa e esperar o resultado. Para ele votar é mais importante que o resultado. “Não tenho tanto interesse assim em ganhar”. Valdomiro acha que as “disputas políticas” não são boas.

A primeira vez que votou para presidente foi em 1930, ainda na sua Paraíba natal. Voltou às urnas depois da II Guerra Mundial, com a redemocratização – a ditadura comandada por Getúlio Vargas durou quase 16 anos. Eurico Gaspar Dutra foi o candidato eleito em 1945. Em oito décadas viu 26 presidentes ou juntas governativas comandarem o país. “Juscelino Kubitschek foi o melhor presidente que já vi”, comenta o veteraníssimo eleitor. “E não foi apenas por ter construído Brasília”.

Valdomiro nasceu e viveu na Várzea da Caraíba, uma fazenda localizada na região de Souza. Depois se mudou para o então povoado de Tabuleiro e nova mudança de residência o levou a Santa Cruz, que na época era um povoado (como município ainda continua pequeno. Segundo o IBGE, tem pouco mais de 6,5 mil habitantes). Casou e teve um filho. Enviuvou. Casou com dona Beatriz, com quem teve 12 filhos e viveu 73 anos. Chegou em Feira de Santana em 1958. E nunca mais saiu.

É um homem de muitas lembranças eleitorais que o passar dos anos não conseguiu apagar completamente. Afirma que não se candidatou a nada (“Nunca fui procurado e nunca me ofereci”), mas sempre votou. “É muito bom ver um amigo feliz por ter ganhado uma eleição”. Ao longo da vida viu muitas explosões de alegria, pela vitória, e decepções devido ao fracasso nas urnas.

Testemunhou quase tudo de bom e ruim que aconteceu em um século. Ainda criança viu a Primeira Guerra Mundial. Depois, assistiu a popularização do rádio, da televisão, a Segunda Guerra Mundial, o Estado Novo, o suicídio de Getúlio Vargas, a construção de Brasília, a renúncia de Janio Quadros, o homem chegar na lua, o golpe de 64 e a redemocratização, a revolução da chegada dos computadores nas residências, a popularização dos eletrodomésticos, o impeachment de Fernando Collor de Mello.

No domingo vai participar da história, mais uma vez. Como “não é pecado”, vai votar para presidente.
tribuna Feirense

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